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Romantismo

11 jun

Por onde será que anda o romantismo? Aquele que costumávamos ver nos filmes do passado, quando o mocinho abria a porta do carro para a mocinha, flores e chocolates eram presentes comuns em qualquer visita e as cartinhas de amor eram repletas de poesia.

A juventude de hoje é bem diferente e despojada desses cuidados. Cuidam dos seus interesses pessoais e não se preocupam com a conquista diária e com gestos simples que podem fazer muita diferença em uma relação.

Por isso quando vejo um jovem que se destaca na multidão por seus gestos e cuidado com as mulheres, o imagino como um príncipe encantado perdido nesse tempo moderno. Aliás, moderno demais para o meu gosto!

E viva o romantismo!

Bjs

Nanda

Questão de educação

17 dez

Quando a criança é pequena e deixa de cumprimentar um adulto ou faz uma malcriação, temos mania de dizer: “Deixa pra lá, é coisa de criança!” Mas, depois que cresce, a situação é bem diferente…

Vejo por aí, jovens imaturos, seguindo os comportamentos infantis, característicos da fase de crianças. São acostumados a terem tudo nas mãos, seus desejos realizados no exato momento em que desejam e não aceitam não como resposta.

Foram criados como reis e rainhas e se acham o centro das atenções do mundo. Querem que todos vivam em função de suas vontades e mudem seus hábitos e costumes para agradá-los a qualquer custo. Para piorar, esquecem os bons costumes de cumprimentar as pessoas com um simples bom dia e tratam os empregados como se fossem invisíveis ou inferiores que eles.

Acho triste encontrar pessoas assim mesmo que elas se justifiquem como tímidas. Tenho certeza que a vida se encarregará de ensiná-las como se comportarem de forma melhor no futuro.

Bjs

Nanda

Esquerda ou Direita Delirante? 

16 nov
Eu tentei ficar calada mas não consigo…
Vi muita gente crucificar um monte de jovens por causa de um grupo formado no WhatsApp. Foi praticamente uma execução sumária, um julgamento em praça pública sem que os mesmos tivessem direito de defesa.
O grupo se chamava “Direita Delirante” e, talvez este tenha sido o motivo principal da revolta. Os esquerdista ainda relutam em aceitar a derrota e os argumentos contrários aos seus pontos de vista. Justificam que os direitistas se utilizam de um “discurso de ódio” quando, o contrário geralmente é muito mais comum.
Os meninos, todos menores de idade, utilizavam o espaço para discutir ideias e convicções próprias durante o processo eleitoral. Desde que vivemos em uma democracia, tudo isso sempre foi permitido. O problema é quando trechos de conversas são printados e divulgados, fora de contexto e sem nenhum pudor. Palavras como a ideia de criação de um Ministério da Tortura criaram indignação em todos sem que pudessem compreender o conteúdo inteiro da conversa. Como se aquele jovem estivesse fazendo apologia à tortura em pleno século 21. Ninguem buscou entender que a conversa estava relacionada a um homem que tinha esfaqueado um bebê e qual a pena ele merecia tomar.
Me admirou as palavras de milhares de pais no Instagram do colégio, condenando os jovens e exigindo a expulsão de todos eles pela escola. Fui conferir o perfil das redes sociais de alguns desses pais e verifiquei que a maioria havia feito campanha contra Bolsonaro. Ou seja, aquele momento era propício para uma extensão da campanha política. Sem o mínimo cuidado com o ser humano, com o real fato ocorrido ou com os sentimentos dos outros pais.
Sou mãe e não conheci nenhum dos participantes do tal grupo de WhatsApp do Vieira mas, me sensibilizei e até chorei. Me coloquei no lugar das outras mães. Minha gastrite atacou. Aqueles meninos eram simples meninos comuns, com papos de adolescentes, arroubos de juventudes e nenhum discurso de ódio. Posso falar isso porque li todas as conversas desde o dia que o grupo foi criado.
Não esperava que um Colégio religioso como o Antônio Vieira pudesse ceder à pressão de pais intolerantes e tomar uma atitude tão radical. Os alunos que eram do terceiro ano foram proibidos de participarem da formatura e os do segundo ano não terão suas matrículas renovadas. O professor foi demitido injustamente sem ter participado em nenhuma das conversas do grupo. Foi adicionado e se retirou dois dias depois sem participação significativa. Um verdadeiro “bode expiatório “.
Sinto-me desapontada!
Bjs
Nanda

Homens fortes x homens fracos

25 jan

Recebi esse texto por aí e quis comoartilhá-lo com vocês pois considerei a mensagem final, a mais pura realidade.

“Homens de 18 anos pilotavam caças spitfire para defender Londres, que era bombardeada por pilotos da Luftwaffe, de 19 anos.

Com a guerra milhões morreram e os que sobreviveram voltaram para casa e tiveram que trabalhar duro para reconstruir seus países, tiveram filhos e envelheceram.

Comiam o que tinha pra comer.

Economizavam o que podiam e cuidavam e suas famílias.

Hoje a adolescência vai até os 35 anos.

Muitas crises.

Mundo cruel.

Muitas decisões.

Muita pressão.

Tudo o que fora construído, até hoje, está errado.

Caras de 30 anos tomam toddynho, fazem depilação, usam óleos especiais na barba – desenhada. Praticam Tai Chi Chuan ou treinam Muay Thay.

Não vestem couro, mas cânhamo.

Depois de uma semana árdua de trabalho, de 6 horas com 2 de almoço – digitando em teclados ergonômicos, ou projetando maçanetas menos estressantes para o mundo moderno, ou traduzindo poemas húngaros, ou atualizando blogs, reúnem-se com amigos, igualmente estressados em bares modernos – com ar condicionado, com mesas posicionadas segundo feng chui, ao som de gemidos de baleias ou de gaivotas imperiais de Vancouver ou de uma cachoeira de alguma serra que ninguém conhece.

Discutem problemas modernos. Para os quais têm todas as soluções. São delfins, gente que faltava para o mundo melhorar. Pena que chegaram tarde,.

Pedem suflê de mandioquinha com alho poró, com traços de curry e framboesa selvagem – e harmonizam-na com caipirinha de aguardente de alecrim, com mixed de saquê e vinho crianza catalão, com adoçante natural destilado da casca da mini-jaca colombiana.

Finalizam com uma taça de café gourmet gelado (descafeinado, é claro), aromatizado com favas de baunilha de madagascar e raspas de limão siciliano – curtido no vapor de madeira verde (reciclada) da margem esquerda do rio Loire, cortada na primeira semana do outono.

O fim da night sarau de haicais nas ruínas de uma antiga fábrica ou em um terreno baldio, ou então a performance de algum grande diretor revolucionário desconhecido nu (por ser incompreendido e perseguido pela mídia/crítica burguesa pró-Temer e pró -Trump) que pinta o corpo de idosas igualmente nuas com tinta ecológica elaborada com pigmentos de terra trazida da Córsega, tendo ao fundo fotos – em preto e branco – de um fotógrafo cego – que não tem seu olhar moldado pelas convenções.

Chega em casa – liga a TV – coloca no canal alemão – embora não saiba sequer o presente do infinitivo do verbo Sein. Dorme com camiseta de campanha israelense (comprada de um turco numa viagem a Madrid) e meias pucket – uma de cada cor. Acorda de madrugada – toma água aromatizada, come meio polenguinho, e volta pra cama, mas não consegue dormir – indignado com a operação Lava Jato ou com a crise – orquestrada – na Venezuela.

Sofre, acorda com olheiras, toma um toddynho, pensa em chamar o Uber. Desiste, vai de bike. No caminho recebe a ligação da mãe. Chora e pede pra passar na casa dela depois do trabalho, pra comer peras e par que assistam juntos star trek.

Esse mundo é maravilhoso?”

(Anônimo)

“Tempos difíceis criam homens fortes. Homens fortes criam tempos fáceis. Tempos fáceis criam homens fracos. Homens fracos criam tempos difíceis. ”

(Anônimo)

Bjs

Nanda

Valor do dinheiro

10 out

Dizem que tudo aquilo que vem fácil não é valorizado. E, quando o assunto é dinheiro, essa afirmação fica mais que verdadeira.

Quando eu saí da escola e entrei na faculdade comecei a correr atrás para ganhar o meu próprio dinheiro. Dava aulas de matemática e inglês, tomava conta de provas, vendia roupas. Me virava nos trinta e corria atrás de começar a preparar o meu futuro.

Cada centavo ganho era uma vitória, saboreava com o prazer de quem tinha ganhado um prêmio. Pensava duas vezes antes de gastar aquele dinheiro suado. Abrir o bolso tinha que ser por um motivo justo. Gastar com bobagens não fazia parte dos meus planos.

Os jovens de hoje estão acostumados a terem tudo o que desejam e pouco se importam com a necessidade de ganhar dinheiro. Dão pouco ou nenhum valor às coisas que possuem. Que tipo de adultos eles vão se tornar?

Bjs

Nanda

A triste geração que virou escrava da própria carreira

15 set

Por Revista Pazes – maio 20,2016, Por RUTH MANUS

“E a juventude vai escoando entre os dedos.

Era uma vez uma geração que se achava muito livre.

Tinha pena dos avós, que casaram cedo e nunca viajaram para a Europa.

Tinha pena dos pais, que tiveram que camelar em empreguinhos ingratos e suar muitas camisas para pagar o aluguel, a escola e as viagens em família para pousadas no interior.

Tinha pena de todos os que não falavam inglês fluentemente.

Era uma vez uma geração que crescia quase bilíngue. Depois vinham noções de francês, italiano, espanhol, alemão, mandarim.

Frequentou as melhores escolas.

Entrou nas melhores faculdades.

Passou no processo seletivo dos melhores estágios.

Foram efetivados. Ficaram orgulhosos, com razão.

E veio pós, especialização, mestrado, MBA. Os diplomas foram subindo pelas paredes.

Era uma vez uma geração que aos 20 ganhava o que não precisava. Aos 25 ganhava o que os pais ganharam aos 45. Aos 30 ganhava o que os pais ganharam na vida toda. Aos 35 ganhava o que os pais nunca sonharam ganhar.

Ninguém podia os deter. A experiência crescia diariamente, a carreira era meteórica, a conta bancária estava cada dia mais bonita.

O problema era que o auge estava cada vez mais longe. A meta estava cada vez mais distante. Algo como o burro que persegue a cenoura ou o cão que corre atrás do próprio rabo.

O problema era uma nebulosa na qual já não se podia distinguir o que era meta, o que era sonho, o que era gana, o que era ambição, o que era ganância, o que necessário e o que era vício.

O dinheiro que estava na conta dava para muitas viagens. Dava para visitar aquele amigo querido que estava em Barcelona. Dava para realizar o sonho de conhecer a Tailândia. Dava para voar bem alto.

Mas, sabe como é, né? Prioridades. Acabavam sempre ficando ao invés de sempre ir.

Essa geração tentava se convencer de que podia comprar saúde em caixinhas. Chegava a acreditar que uma hora de corrida podia mesmo compensar todo o dano que fazia diariamente ao próprio corpo.

Aos 20: ibuprofeno. Aos 25: omeprazol. Aos 30: rivotril. Aos 35: stent.

Uma estranha geração que tomava café para ficar acordada e comprimidos para dormir.

Oscilavam entre o sim e o não. Você dá conta? Sim. Cumpre o prazo? Sim. Chega mais cedo? Sim. Sai mais tarde? Sim. Quer se destacar na equipe? Sim.

Mas para a vida, costumava ser não:

Aos 20 eles não conseguiram estudar para as provas da faculdade porque o estágio demandava muito.

Aos 25 eles não foram morar fora porque havia uma perspectiva muito boa de promoção na empresa.

Aos 30 eles não foram no aniversário de um velho amigo porque ficaram até as 2 da manhã no escritório.

Aos 35 eles não viram o filho andar pela primeira vez. Quando chegavam, ele já tinha dormido, quando saíam ele não tinha acordado.

Às vezes, choravam no carro e, descuidadamente começavam a se perguntar se a vida dos pais e dos avós tinha sido mesmo tão ruim como parecia.

Por um instante, chegavam a pensar que talvez uma casinha pequena, um carro popular dividido entre o casal e férias em um hotel fazenda pudessem fazer algum sentido.

Mas não dava mais tempo. Já eram escravos do câmbio automático, do vinho francês, dos resorts, das imagens, das expectativas da empresa, dos olhares curiosos dos “amigos”.

Era uma vez uma geração que se achava muito livre. Afinal tinha conhecimento, tinha poder, tinha os melhores cargos, tinha dinheiro.

Só não tinha controle do próprio tempo.

Só não via que os dias estavam passando.

Só não percebia que a juventude estava escoando entre os dedos e que os bônus do final do ano não comprariam os anos de volta.”

Bjs

Nanda

Geração nem nem

19 ago

imageO que será que está acontecendo com a turma jovem de hoje? Uma quantidade gigantesca de jovens com futuro incerto, perdidos, sem saber o que fazer do futuro.

Uma geração que NEM trabalha e NEM estuda. Que NEM produz e NEM sabe o que quer. Uma geração que só Deus salvará pois eles não terão pai e mãe para toda a vida.

De quem será a culpa por tanta indecisão, tamanha insatisfação e enorme falta de produtividade? Por que os pais toleram esses jovens dentro de casa sem responsabilidades definidas? Como será o futuro do país se a geração que está crescendo NEM estuda e NEM trabalha?

Sei não…. Só sei que vida boa sem responsabilidade não dou pra filho, não.

Bjs

Nanda

Geração alternativa

7 ago

imageOutro dia fui em um almoço em casa de amigos e pude observar a turma de colegas de suas filhas, todos na faixa dos dezoito anos. Me assustei!

Vi uma turma de jovens bem educados, de boa família porém, a grande maioria tinha um ar de rebeldia que eu não via há muito tempo. Cabelos desgrenhados, piercings expostos em lugares esdrúxulos e variados e tatuagens de todos os tamanhos.image

Logo pensei: será que minhas filhas vão seguir esse caminho? Socorro!!!

Que beleza eles vêem em desenhar todo o corpo como se fosse papel, se marcar como se fossem gado, se desgrenhar como se fossem mendigos?

imageNão consigo entender essa turminha jovem nesse caminho alternativo.

Bjs

Nanda

Menino criado com vó

5 set

imageJá não se fazem mais jovens como antigamente. Hoje, os adolescentes e jovens não sabem o que é correr atrás dos seus objetivos. Geralmente, eles têm tudo o que querem, mais do que precisam e vivem em uma redoma de vidro.

São protegidos pelos pais, avós e parentes. Recebem tudo de mão beijada e ficam bem tranqüilos na sua zona de conforto. Sinceramente, parecem bebês grandes que esqueceram de amadurecer.

É triste ver meninos e meninas inteligentes e com muito potencial sem se importarem com o seu próprio desenvolvimento profissional. Eles não querem assumir responsabilidades e encarar o mundo profissional de frente. Se escondem por trás da cortina da juventude e com a desculpa de que ainda estudam, não têm tempo, não podem ou não possuem carro próprio.image

Na minha época, tudo era muito diferente. Corríamos atrás dos nossos sonhos, assumíamos responsabilidades, fazíamos mil coisas ao mesmo tempo e jamais me permiti repetir uma matéria na faculdade, afinal de contas, o dinheiro dos meus pais não era capim.

Será que ainda existem jovens assim?

Bjs

Nanda

Meu filho, você não merece nada

5 jun

felicidade

Li esse texto e me encantei. Achei que devia compartilhar com vocês pois acredito que todos devam ler e refletir.

“Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.emburrada

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

choroBasta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.” (ELIANE BRUM)

Bjs

Nanda