Reflexão sobre a Vida

17 jan

Fiquei encantada com este Poema de Pablo Neruda (1904-1973), poeta chileno que recebeu o Nobel de Literatura em 1971. Ele retrata uma forma de vida que a maioria de nós busca mas, apenas poucos realmente seguem.

Morte

Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor ou
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco
e os pontos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.

Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece ou
não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um feito muito maior que o simples fato de respirar. Somente a ardente paciência fará com que conquistemos uma esplêndida felicidade.

Bjs

Nanda

3 Respostas to “Reflexão sobre a Vida”

  1. Avatar de Marcelo
    Marcelo 17/01/2012 às 5:51 #

    Neruda é foda…
    Mas quem está com pressa?
    No fundo todos morremos lentamente por algumas das inações citadas, ou outras, ou quem sabe rapidamente por algumas ações.
    Mas para mim o mais importante do poema é a consciência “que estar vivo exige um feito muito maior que o simples fato de respirar”.

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  2. Avatar de Marcelo
    Marcelo 17/01/2012 às 5:58 #

    Ahh, e é Ato, não fato de respirar

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  3. Avatar de Ban
    Ban 18/01/2012 às 19:03 #

    Delícia é sermos aquilo que somos. Não aquilo que achamos que somos, e, sim, aquela essência que nos dá a certeza da nossa autenticidade, plenitude e sentido na vida.

    Se estamos sintonizados com isto, acho que conseguiremos viver lentamente, no sentido de poder apreciar e saborear os diversos momentos lindos que a vida nos oferece.

    Uma curiosidade: na 2a feira (dia 16/01), vi Pablo Neruda na capa de uma revista (não me lembro qual) e tentei me lembrar de algum poema que ele havia escrito (acho, inclusive, que o poema que você citou, acima, não é dele, pois o estilo de escrita é diferente). Tentei me lembrar, mas… não consegui de jeito nenhum. Deixei o assunto para lá. No dia seguinte (quando você publicou este post), passei por uma outra banca de jornal e, dentre tantas revistas penduradas, qual delas rapidamente me chamou a atenção? Exato. Fui visitado pelo poeta mais uma vez, em menos de 24 horas. Nesta segunda ocasião, não perdi tempo tentando lembrar dos poemas. Ao invés disto, perguntei-me duas coisas: 1) será que eu gosto mesmo de Pablo Neruda? (a resposta é sim, mas eu estava estupefato por não lembrar de nenhum poema dele); 2) por que este poeta apareceu em minha vida duas vezes seguidas, em tão curto espaço de tempo?

    Agora eu já sei. Ainda bem.

    Beijo!

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